O Centro Norte-Sul promove a cooperação europeia, com o objectivo de sensibilizar os europeus para questões da interdependência mundial, bem como a promoção de políticas de solidariedade de acordo com os objectivos e princípios do Conselho da Europa, ou seja, a defesa dos Direitos do Homem, promovendo a coesão social e o desenvolvimento equitativo do ser Humano. Encontra-se vocacionado para a área da educação e opinião pública, promoção do diálogo entre parceiros e para o desenvolvimento sustentável e justo dos mesmos.
É nesta relação entre a educação e a coesão social que surge a educação intercultural, numa dinâmica que estabelece parcerias com os países, não só da Europa, mas tentando alargar este conceito aos restantes continentes. Esta relação tenta desenvolver parcerias, sempre que possível, com os organismos públicos ou privados existentes, com o intuito de envolver a sociedade civil neste processo. A sua acção é quadralógica, pois implica uma relação governamental, parlamentar, local ou regional e sociedade civil. É neste contexto que a educação intercultural, implica uma mudança de paradigma que considera “o outro e o diferente como ponto de partida” (Perotti, 1997). A educação intercultural tem sido objecto de várias abordagens e conceptualizações, em constante evolução, quer em teoria, quer na prática, tendo várias definições.
Contudo, segundo o ACIDI (Alto Comissariado para a Imigraçao e Diálogo Intercultural) cit. Quellet 1991, Educação Intercultural consiste em:
Toda a formação sistemática que visa desenvolver, quer nos grupos maioritários, quer nos minoritários:
- Melhor compreensão das culturas nas sociedades modernas;
- Maior capacidade de comunicar entre pessoas de culturas diferentes;
- Atitudes mais adaptadas ao contexto da diversidade cultural, através da compreensão dos mecanismos psico-sociais e dos factores socio-políticos capazes de produzir racismo;
Pode dizer-se que a educação intercultural é utilizada como um instrumento para intervir no mundo que nos rodeia, através da educação para a cidadania, permite uma perspectiva mais ampla para a coesão social que aparece associada à valorização da diversidade. Promovendo cinco valores fundamentais:
- coesão social (que procura uma pertença colectiva);
- igualdade de oportunidades e equidade;
- participação crítica na vida democrática;
- preocupação ecológica.
A escola é um local privilegiado para a promoção da educação intercultural, porque é neste primeiro contexto social que as práticas pedagógicas mais frutos podem dar. Possibílitando aos alunos uma maior riqueza de conhecimentos e valores culturais, próprios e alheios, enriquecendo crítica e reflexivamente, não só o seu desenvolvimento integral enquanto pessoas, mas também propiciando a sua conscientização e acção social solidária.
Por um lado, pode transmitir conhecimentos sobre a diversidade da espécie humana e, por outro, pode levar as pessoas a tomar consciência das semelhanças e da interdependência entre todos os seres humanos do planeta.
Em Portugal o Centro Norte-Sul tem algumas parcerias, nomeadamente a Aliança das Civilizações e a Aga Khan Development Network, instituições que desenvolvem projectos na área da educação intercultural.
Existem ainda recursos didáticos produzidos pelo Conselho da Europa que visam a promoção da educação intercultural, como por exemplo, o Compass (traduzido em português com o nome de Farol) e Compassito, dois manuais sobre os direitos humanos, um para jovens e outro para crianças.
Para terminar, quando falamos de educação intercultural, estamos a referir-nos a uma perspectiva dinâmica e a um conjunto de dimensões, transversais a toda a educação/intervenção e que, desejavelmente, devem premiar a escola como um todo e a vida social no seu conjunto. Nas palavras de J. Banks, "A educação ou é intercultural ou não é boa (educação)".
Gruppo MONNET
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